As tendências educacionais para o século 21 apontam para um ensino
centrado na relação aluno-professor onde criatividade, inovação, ousadia,
cooperação, entre outras, são competências a serem desenvolvidas individual e
coletivamente.
Nesse sentido, as contribuições do pedagogo francês Celestin Freinet
(1896-1966) possibilitam inspirar educadores na organização e planejamento do
trabalho pedagógico em sala de aula, revendo e reorientando princípios
educacionais formulados por esse importante pedagogo.
Dentre os princípios que norteiam suas teorias pedagógicas, Freinet cita
suas clássicas Invariantes Pedagógicas,
das quais faço questão de destacar algumas delas para contribuir nas nossas
reflexões sobre educação.
Leia, pense, reflita e compartilhe:
Invariantes pedagógicas de
Celestin Freinet
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado
fisiológico, orgânico e constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando
isto significa obedecer passivamente uma ordem externa.
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que,
em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não
seja a mais vantajosa.
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina,
sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
9. É fundamental a motivação para o trabalho.
10. É preciso abolir a escolástica.
10- a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o
ânimo e o entusiasmo.
10- b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.
11. Não são a observação, a explicação e a demonstração – processos
essenciais da escola – as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas
a experiência tateante, que é uma conduta natural e universal.
12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa,
a não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se encontra
verdadeiramente a serviço da vida.
13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às
vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis é
colocar o carro na frente dos bois.
14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um
circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como
ensina a escolástica.
15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que
atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e ideias.
16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que
atende aos rumos de sua vida.
18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber
sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida
publicamente.
19. As notas e classificações constituem sempre um erro.
20. Fale o menos possível.
21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela
prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao
fim desejado e não passam de paliativo.
24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão
da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos
ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.
27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um
regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à
criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é
possível educar dentro da dignidade.
29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é
uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou
modificá-la.
30. É preciso ter esperança otimista na vida.
Quer saber mais? Faça uma pesquisa sobre Freinet. Muito do seu trabalho
pode ser adaptado para a sala de aula de hoje.
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Postado por Michel Assali